quarta-feira, setembro 28, 2022

INTERPRETANDO A BÍBLIA


Otoniel Medeiros

Passei quatro anos, de 2017 a 2021, lendo a Bíblia e refletindo com membros de diversas denominações: três Adventistas do Sétimo Dia, um da Assembleia de Deus, um da Igreja Católica Romana e um da Igreja Presbiteriana, três horas por semana. Achei interessante a diversidade pensar, analisar e interpretar os textos lidos. Parece que os primeiros conhecimentos que adquirimos de uma forma sincera, de pessoas que respeitamos, é difícil serem redirecionados.


O notável erudito do Novo Testamento, N. T. Wright, disse: “Prática sem teoria é cega, mas teoria sem prática é burra”. Portanto, a interpretação precisa casar a teoria com a prática. O que eu escrevo aqui tem uma base de leitura no pensamento de Craig A. Blaising e Darrell L. Bock, o que me leva perguntar, vejo o texto, como vejo? Deveríamos abrir o texto e apenas ler, não é tão simples assim. Normalmente no texto encontramos quatro elementos interligados que influenciam nosso entendimento: 1. o ator, 2. o texto, 3. nós mesmos como leitores e 4. as cosmovisões que nós e o texto trazem para a leitura. Cada um desses elementos tem um forte impacto sobre como percebemos os textos. Deve haver uma profunda sensibilidade em nos aproximarmos do texto e como deixamos o texto falar conosco. O cético geralmente afirma que “podemos fazer a Bíblia dizer qualquer coisa”, o que não é correto. Mas parece que é verdade que “lemos nossas próprias ideias ou interpretamos mal devido às nossas próprias limitações de conhecimento e entendimento, que impacta o que esperamos ver nos texto…”.


Um cuidado criterioso devemos ter com a cosmovisão, o pressuposto e pré-entendimento, nas conclusões de entendimento do texto lido. Destacamos: 1. Todos nós vemos o mundo com pressuposições, devemos ser seletivos com o que é útil o que o que não é. 2. Possuímos pré-entendimento apesar de não estarmos conscientes de todos eles. 3. Algumas mudanças no pré-entendimento não alteram a cosmovisão. 4. Nem toda pressuposição ou pré-entendimento é boa, como também nem toda é má. Nunca podemos aprender sem estarmos abertos para mudanças em nosso pensamento. 5. Alguns pressupostos e pré-entendimentos são o produto de um tempo ou cultura que se vive. “A cosmovisão é uma combinação de pressupostos e pré-entendimentos que existem em diferentes combinações em diferentes pessoas”. Talvez até denominacionalmente podemos mudar a nossa cosmovisão para melhor de uma forma relacional.


A graça seja com todos nós.


Otoniel Medeiros

Parnamirim-RN, 28 de setembro de 2022