(Do livro Desafios da Liderança de John Stott)
Otoniel Medeiros
Parnamirim-RN, 22/02/2019
INTRODUÇÃO
O teólogo, escritor e evangelista John
Stott (1921-2011), conhecido no mundo inteiro, escreveu um livro “Desafios da
liderança cristã”, faremos um resumo deste livro de forma segmentada, quase uma
resenha. Em alguns momentos inserimos experiências pessoais da nossa área
profissional e ministerial. No primeiro segmento faremos uma expressão direta
do pensamento de Stott sobre ministério, liderança e serviço.
PRINCIPAL
PRIORIDADE
“A
primeira coisa que precisa ser dita sobre todos os tipos de ministros cristãos
é que eles estão ‘abaixo’ das pessoas (como servos) e não ‘acima’ dela (como
líderes, muito menos senhores). Jesus deixou isto absolutamente claro. A
principal característica dos líderes cristãos, insistiu ele, é humildade e não
autoridade, gentileza e não poder”.
O VERDADEIRO
EXEMPLO
“Ministério
significa serviço – serviço humilde e sem interesse. Portanto é curiosamente
perverso transformá-lo em uma ocasião para se vangloriar. Jesus fez uma
distinção específica entre ‘governo’, ‘autoridade’ e ‘serviço’, ‘ministério’,
acrescentando que, embora o primeiro fosse característico dos pagãos, o último
deveria ser uma característica de seus seguidores: ‘Vocês sabem que aqueles que
são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes
exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser
tornar-se importante em entre vocês deverá ser servo; quem quiser ser o
primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para
ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos’. Portanto,
os ministros cristãos devem tomar como modelo o Cristo que veio para servir,
não os gentios (ou os fariseus) que preferiram se senhores.
LIDERANÇA, NÃO
SENHORIO
“Liderança
e senhorio são dois conceitos muito diferentes. O cristão lidera pelo exemplo,
não pela força, e deve ser um modelo que convide seguidores, não um chefe que
os exige”.
GUARDIÕES E
ARAUTOS
“Paulo
tinha a firme convicção de que sua mensagem vinha de Deus e de que ‘seu
evangelho’ era, na verdade o ‘evangelho de Deus’. Ele não o inventou. Era
apenas o mordomo a quem o evangelho foi confiado e um arauto comissionado para
proclamá-lo. Acima de tudo, ele tinha de ser fiel.
Todo
ministério cristão autêntico começa aqui, com a convicção de que somos chamados
a lidar com a Palavra de Deus como guardiões e arautos... É claro que não somos
apóstolos de Cristo como foi Paulo. Mas acreditamos que o ensino dos apóstolos foi no Novo Testamento e que agora nos foi legado em sua forma definitiva. Somos, portanto, administradores dessa fé apostólica, preservado que é a Palavra de Deus e
que trabalha poderosamente naqueles que creem. Cabe a nós preservá-la, estudá-la,
aplicá-la e obedecer a ela”.
INÍCIO
DA SUPERVISÃO PASTORAL
“Apesar de não haver uma ordem ministerial
fixa no Novo Testamento, considera-se indispensável para o bom andamento da
igreja que haja algum tipo de supervisão pastoral (episkope), sem dúvida alguma, adaptada às necessidades locais. Notamos
que ela era local e coletiva – local no fato de os presbíteros serem escolhidos
dentro da própria congregação, sem imposição externa; e coletiva porque o
modelo moderno tão familiar de ‘um pastor, uma igreja’ era simplesmente
desconhecido. Em seu lugar, havia uma
equipe pastoral, que provavelmente incluía (dependendo do tamanho da igreja)
ministros de tempo integral e parcial, obreiros pagos e voluntários, presbíteros,
diáconos e diaconisas. Mais tarde, Paulo formulou as suas qualificações por
escrito. Na sua maioria, eram questões de integridade moral, mas a fidelidade
ao ensino dos apóstolos e o dom de ensino também eram essenciais. Assim os
pastores cuidariam das ovelhas de Cristo, alimentando-as. Em outras palavras,
zelariam por elas, ensinando-as”.
O
PASTOR CRISTÃO
“O pastor é basicamente um mestre. Esta é
a razão pela qual duas qualificações para o presbitério são selecionadas nas
epístolas pastorais. Primeiro, o
candidato deve ser ‘apto para ensinar’ (1Tm 3.2). Segundo, ele deve se apegar ‘firmemente à mensagem fiel, da maneira
como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e
de refutar os que se opõem a ela’ (Tt 1.9). Estas duas qualidades andam juntas.
Os pastores têm de ser leais ao ensino apostólico (o didache) e precisam ter o dom de ensinar (didaktikos). E, quer que ensinem uma multidão ou uma congregação,
um grupo ou um indivíduo (Jesus ensinou nesses três contextos), o que distingue
a obra pastoral é que ela é sempre um ministério da Palavra.
UM
MINISTÉRIO CAPACITADOR
“O conceito neotestamentário de pastor não
é o de uma pessoa que conserva na totalidade o ministério nas suas próprias
mãos, tendo ciúmes dele, e que esmaga toda iniciativa dos leigos, mas, sim, de uma
pessoa que ajuda e encoraja todo o povo de Deus a descobrir, desenvolver e
exercer seus dons. O ensino e o treinamento do pastor se dirigem para essa
finalidade, para capacitar o povo de Deus a ser um povo que serve, ministrando
ativa, porém humildemente, num mundo de alienação e de dor. Assim, ao invés de
pessoalmente monopolizar todo o ministério, chega realmente a multiplicar os
ministérios”.
A
PRESTAÇÃO DE CONTA DO MINISTÉRIO
“Nenhum segredo do ministério cristão é
mais importante que sua centralidade fundamental em Deus. Os administradores do
evangelho não devem essencialmente prestar contas à igreja, nem aos sínodos,
nem aos líderes, mas ao próprio Deus. Por outro lado, este é um fato desconcertante,
pois Deus sonda nosso coração e os segredos que nele existem, e os padrões de
Deus são muito altos. Por outro, isso é, maravilhosamente libertador, uma vez
que Deus é um juiz mais instruído, imparcial e misericordioso que qualquer ser
humano, corte ou conselho eclesiástico. Prestar contas a Deus é estar livre da
tirania da crítica humana”.
AMOR
E SERVIÇO
Se o amor e verdade andam juntos, e amor e
dons andam juntos, então amor e serviço também andam juntos, uma vez que o
verdadeiro amor se sempre expressa por meio do serviço. Amar é servir. Restam-nos,
portanto, estes quatro aspectos da vida cristã que formam um anel ou um círculo
que não pode ser quebrado: amor, verdade, dons e serviço. Pois o amor resulta
em serviço, o qual, por sua vez, usa os dons, dentre os quais o maior é o
ensino da verdade, mas a verdade deve ser transmitida em amor. Cada um deles
envolve os outros e, por onde quer que comecemos, todos eles são usados. ‘O
maior deles porém, é o amor’ (1Co 13.13)”.
Próximo assunto: O problema do desânimo - Como
perseverar sob pressão
Na paz e sempre na paz,
Otoniel M. de Medeiros
Referência bibliográfica
STOTT, JOHN. Desafios da liderança.
Viçosa: Editora Ultimato, 2016.