terça-feira, novembro 04, 2025

2/7 - O REI PROMETIDO: CRISTO NAS ESCRITURAS

 

Série: “O Reino Inabalável — Deus Revelado em Cristo e na Sua Palavra”

“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.”
João 5:39

1 - Introdução: o centro de toda a revelação

Se a Palavra de Deus é o alicerce do Reino, Cristo é o centro e o Rei desse Reino. A Bíblia, em toda a sua extensão, fala de uma só pessoa: Jesus Cristo. De Gênesis ao Apocalipse, ela revela o propósito eterno de Deus de reconciliar todas as coisas em Seu Filho (Ef 1:9–10). Cristo não é uma figura secundária nas Escrituras — Ele é o eixo em torno do qual gira toda a história da salvaçãoO Antigo Testamento o anuncia; os Evangelhos o revelam; o restante do Novo Testamento o explica e o exalta. Quem lê a Bíblia sem ver Cristo, lê as letras, mas não encontra a vida. Como disse Agostinho: “O Novo Testamento está oculto no Antigo; o Antigo é revelado no Novo.” A revelação bíblica, portanto, é progressiva — mas sempre cristocêntrica.

2 - Cristo anunciado nas Escrituras do Antigo Testamento

Desde os primeiros capítulos de Gênesis, a promessa do Redentor é anunciada.

“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente; este te ferirá a cabeça...” (Gênesis 3:15)

Este é o protoevangelho — o primeiro anúncio do Evangelho. A partir dali, toda a narrativa bíblica se desenrola em torno dessa promessa: o nascimento do Rei que esmagaria o mal e restauraria a criação.

  • Em Abraão, Deus promete uma descendência por meio da qual todas as nações seriam abençoadas (Gn 12:3).

  • Em Moisés, revela-se o modelo do Profeta que viria (Dt 18:15).

  • Em Davi, estabelece o trono eterno do Messias (2 Sm 7:12–16).

  • Nos profetas, o Cristo é anunciado como o Servo Sofredor (Is 53), o Príncipe da Paz (Is 9:6) e o Justo que reina com equidade (Jr 23:5–6).

Cada sacrifício, cada festa, cada símbolo do Antigo Testamento aponta para Ele.

“Estes são a sombra das coisas que haviam de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo.” (Colossenses 2:17)

Assim, o Antigo Testamento anseia por Cristo — o Messias prometido, o Rei vindouro.

3 - Cristo revelado no Novo Testamento

Quando Jesus veio, o Verbo se fez carne (Jo 1:14). Ele é a Palavra viva de Deus encarnada entre nós — Deus revelado em forma humana. Após Sua ressurreição, Ele mesmo ensinou aos discípulos como as Escrituras apontavam para Ele:

“E, começando por Moisés e por todos os Profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras.” (Lucas 24:27)

Cristo é o cumprimento das promessas, o Rei ungido (o “Cristo” significa “Ungido”) e o mediador do novo pacto. Nele, todas as profecias e alianças encontram sentido e plenitude.

  • Ele é o Cordeiro pascal (Êx 12) — o sacrifício perfeito.

  • É o Tabernáculo — Deus habitando entre o Seu povo (Jo 1:14).

  • É o Maná do céu — o pão da vida (Jo 6:35).

  • É a Luz do mundo (Jo 8:12), a Videira verdadeira (Jo 15:1), o Bom Pastor (Jo 10:11).

Cristo é, portanto, a revelação final e perfeita de Deus:

“Havendo Deus falado antigamente muitas vezes e de muitas maneiras aos pais pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho.” (Hebreus 1:1–2)

4 - Cristo entronizado: o Rei do Reino eterno

Jesus não veio apenas para ensinar, mas para reinar. Seu trono não é terreno, e Seu Reino não é deste mundo (Jo 18:36). Mas é real, presente e eterno. Quando ressuscitou, recebeu todo o poder no céu e na terra (Mt 28:18). Deus o exaltou soberanamente:

“Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho...” (Filipenses 2:9–11)

Cristo é o Rei prometido a Davi, o Messias esperado por Israel e o Senhor da Igreja. Seu reinado se manifesta hoje em corações transformados, e se consumará plenamente na restauração final de todas as coisas. Ele é o Rei que veio, o Rei que reina e o Rei que virá.

5 - Aplicações: reconhecendo e anunciando o Rei

a. Reconhecer Cristo em toda a Escritura

Ler a Bíblia sem Cristo é como admirar um mapa e nunca chegar ao destino. Toda leitura bíblica deve conduzir ao encontro com Ele — o sentido, a vida e a verdade da Palavra.

“A letra mata, mas o Espírito vivifica.” (2 Coríntios 3:6)

b. Submeter-se ao senhorio do Rei

Ser cristão não é apenas crer em Cristo, mas viver sob Seu senhorio.
Sua vontade deve governar nosso pensamento, emoções, trabalho, relacionamentos e ministério. O Reino começa quando Cristo ocupa o trono do coração.

c. Proclamar o Rei ao mundo

O mesmo Cristo que reina, chama-nos a proclamá-Lo:

“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.” (Marcos 16:15) A missão da Igreja é anunciar o Rei — não um sistema religioso, mas uma pessoa viva, que salva e transforma.

6 - Conclusão: o coração da revelação

Em cada página da Escritura, o Espírito Santo nos conduz a Cristo.
Ele é o fio vermelho da redenção, o coração pulsante da Palavra e o Rei do Reino inabalável.

“Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste.” (Colossenses 1:17)

Ver Cristo nas Escrituras é ver Deus como Ele realmente é: amoroso, justo, santo e redentor. E quanto mais O conhecemos, mais o nosso coração se curva em adoração e obediência.

Próximo Estudo da Série:

“O Reino que Vem do Céu” — veremos o que Jesus ensinou sobre o Reino de Deus, seu caráter espiritual e sua manifestação progressiva na história e na vida dos que creem.

Graça e paz.

Otoniel Medeiros