segunda-feira, novembro 18, 2013

O ESPAÇO DE DEUS E O NOSSO

Efésios 1.1-23

            Vamos usar como base bibliográfica para este tema o pensamento do  escritor N. T. Wright no livro Simplesmente cristão, da Editora Ultimato. Com o relato da transfiguração (Mc 9.2-8) e os diversos momentos do Senhor ressurreto com os seus discípulos, somos levados a pensar na inter-relação entre o Espaço de Deus e o nosso. Tanto no grego como no hebraico a palavra “céu” pode significar de fato “o firmamento.” No sentido bíblico, “Céu é o espaço de Deus em oposição ao nosso espaço, e não o lugar de Deus dentro do nosso universo de espaço-tempo.” Pergunta N. T. Wright: “caso o nosso espaço e o espaço de Deus se cruzam, quando e onde isso acontece?” Podemos dividir no campo de crer as pessoas em teístas e ateístas. As pessoas teístas (que creem em Deus) em três blocos: panteístas, deístas e cristãs.

PANTEISMO

            O panteísmo deixa os dois lugares juntos. O espaço de Deus coincide com o nosso espaço. Deus está em toda parte e toda parte é Deus; Deus é tudo e tudo é Deus, esta é a visão do panteísmo; é  formas diferentes de se referir à mesma coisa.

            O panteísmo se popularizou na Grécia antiga e no mundo romano do primeiro século, principalmente através da filosofia chamada estoicismo, sistema filosófico, cujo fundador foi Zenão de Cítio (Chipre), filósofo grego (342-270 a.C.), que aconselha a indiferença e o desprezo pelos males físicos e morais, sendo um comportamento de austeridade, de rigidez de princípios morais. O panteísmo sofreu forte declínio e tem se tornado cada vez mais popular em nossos tempos.

            Pelo alto nível de exigência do panteísmo, atualmente alguns pensadores têm optado por uma variação sutil, chama de “panenteísmo”, que é a visão de que, embora nem tudo seja divino, tudo que existe está dentro de Deus (pan = tudo, em = em, theos = Deus). Doutrina fundada pelo filósofo alemão Karl Christian Friedrich Krause (1791-1832). Nenhuma destas duas visões filosóficas consegue lidar com o problema do mal. O panteísmo é incoerente com a realidade cristã.

DEISMO

            O movimento deísta tornou-se muito popular no Ocidente no século 18. Nesta ideia filosófica há uma separação entre as esferas de Deus e a nossa. Esta visão era bastante popular na antiguidade, ensinada pelo poeta e filósofo Lucrécio, que viveu um século antes de Jesus e desenvolveu e expandiu o ensino de Epicuro, que viveu dois séculos antes dele. A ideia básica desta visão filosófica é que os seres humanos devem se acostumar a estar sós no mundo. Os deuses não interferem nas vidas das pessoas, nem para ajudá-los nem para prejudicá-los. Esta é uma área fértil para a filosofia que se tornou amplamente conhecida como “gnosticismo”. O deísmo é o sistema do que creem em Deus, mas rejeitam a revelação, contrriando a palavra de Deus.

            Vejamos algumas definições facilitadoras para complementação desse assunto (do dicionário Michaelis):

  • Gnosticismo: Movimento sincretista religioso-filosófico da Antiguidade que pretendia salvar o homem por um conhecimento especial. Penetrando o cristianismo, absorveu várias de suas doutrinas, rejeitando outras. Constituiu aí diversas seitas heréticas, que representaram séria ameaça à ortodoxia nos séculos II e III.
  • Agnosticismo: Qualquer doutrina que afirma a impossibilidade de conhecer a natureza última das coisas. Doutrina que afirma a impossibilidade de conhecer a Deus e a origem última do Universo.
  • Teísmo: Crença na existência de Deus e em sua ação providencial no Universo.
JUDAISMO / CRISTIANISMO

            É a forma de crer que o céu e a terra não são contíguos, nem estão separados, pelo contrário se sobrepõem e se interconectam de várias maneiras. Para o panteísta, Deus e o mundo são praticamente a mesma coisa. Para o deísta o mundo tanto pode ter sido criado por Deus como por deuses. Para os cristãos o mundo foi fruto do livre derramar  do poderoso amor de Deus.  “O único Deus verdadeiro criou um mundo diverso dele mesmo, porque lhe agradou fazê-lo. Tendo feito o mundo tal como é, ele tem mantido um relacionamento próximo, dinâmico e íntimo com ele, sem de forma alguma estar contido nele ou que ele esteja em sei mesmo.”

O REINO DE DEUS, SEMPRE O REINO

            Passaremos a usar o livro Teologia do Novo Testamento de George Eldon Ladd, Editora Exodus, como base bibliográfica para alguns dos próximos conteúdos.
           
            Após o seu batismo por João, o Batista, Jesus iniciou o ministério de proclamação do Reino de Deus. Marcos destaca o início deste ministério com as palavras: “Ora, depois eu jaó foi entregue, veio Jesus para a Galileia, pregando o evangelho de Deus e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o Reino de Deus” (Mc 1.14-15). Mateus sintetiza o ministério de Jesus dizendo: “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando evangelho do reino, e curando todas as doenças e enfermidades entre o65.17) povo” (Mt 4.23). O evangelista Lucas registra um incidente em Nazaré quando Jesus leu uma profecia a respeito da vinda do ungido pelo Espírito do Senhor, anunciando: “Hoje se cumpriu esta Escritura aos vossos ouvidos” (Lc 4.18-21). Ladd comenta: “Não podemos compreender a mensagem e milagres de Jesus, a menos que os interpretemos no contexto de sua perspectiva do mundo e do homem, e a necessidade para a vinda do Reino.”

O DUALISMO ESCATOLÓGICO

            No Velho Testamento há uma perfeita distinção entre a presente ordem das coisas e a ordem redimida do Reino de Deus. Amós (9.13-15) descreve o Reino em termos bem deste mundo, mas Isaías vê a nova ordem como novos céus e uma nova terra (Is 65.17).

            Algumas vezes o Reino tem a descrição de uma nova ordem redimida na literatura judaica do período pós-exílico. Noutros momentos o Reino de Deus é descrito em termos bem terrenos, dando a ideia que a nova ordem é o aperfeiçoamento da antiga ordem. Noutros momentos a nova ordem é descrita em termos de uma linguagem transcendental. Como igreja cremos num reino temporal terreno (milênio), seguido por uma nova ordem  transformada e eterna; temos uma forma de pensar centrada no cânon bíblico.

            O fim da era presente é um assunto consistente em todos os Evangelhos. Mateus quando fala sobre as parábolas do Reino fala três vezes do fim desta nossa dimensão (Mt 13.39, 40, 49). “Pode-se argumentar que a esperança profética do Velho Testamento sobre a vindo do Reino sempre envolveu uma irrupção catastrófica de Deus na história” (Ladd).

            “Em resumo, esta era presente, que abrange o período desde a criação até o dia do Senhor, a qual nos Evangelhos, é designada em termos da pousaria de Cristo, ressurreição e julgamento, é a era da existência humana em fraqueza e mortalidade, do mal, do pecado e da morte. A era vindoura era a realização de tudo aquilo que o Reino de Deus significa, e será a era da ressurreição para a vida eterna no Reino de Deus. Tudo, nos Evangelhos, aponta para a ideia de que a vida no Reino de Deus na Era Vindoura será vida sobre a face da terra – mas só que uma vida transformada pelo domínio real de Deus quando o seu povo principiar a desfrutar as bênçãos divinas em toda a sua plenitude (Mt 19.2)” (Ladd). È difícil querer entender uma ordem superior quando só conhecemos o desgaste crescente, entrópico. O momento “tempo” que liga a eternidade passada à eternidade futura, nos limita bastante.

UM REINO MAIS PRESENTE

            Abordaremos um Reino que começa a ser real na experiência humana com o novo nascimento e vai se exteriorizando pela pratica cristã até a sua plenitude na Era Vindoura. Portanto,  traçaremos uma revisão começando pela fé e destacando a projeção escatológica do Reino de Deus.

            Na consumação escatológica, o Reino é uma herança dos justos (Mt 25.34). O Reino, é portanto, um dom que o Pai se “agrada em conferir ao pequeno rebanho dos discípulos de Jesus” (Lc 12.32). O Reino não é apenas um dom para o futuro, numa dimensão escatológica, que pertence a Era Vindoura, é também um dom que pode caminha com a paz, o gozo e alegria, que pode ser recebido hoje; é algo que pode ser provado aqui e agora (Mt 6.33) e recebido como as crianças recebem um presente (Mc 1.15; Lc 18.16-17.).

            O Reino representa a satisfação de todas as necessidades (Lc 12.31). As bem-aventuranças consideram o Reino como uma dádiva para os pobres de espírito, os perseguidos por causa da justiça (Mt 5.3-10). A bênção futura que pode ser desfrutada hoje, é o Reino. “À medida que atingia a maturidade, João sentiu um compulsão interior para sair do grandes centros de populações para o deserto (Lc 1.80). Depois de certo número de anos, aparentemente de meditação e espera por manifestações de Deus, ‘Veio a palavra de Deus a João’ (Lc 3.2), em resposta à qual João apareceu no vale do Jordão, anunciando, de modo profético, que o Reino de Deus estava próximo”.

            A pregação de João indicava uma atividade de Deus imediata no Reino quoe envolvia dois aspectos: um duplo batismo que deveria acontecer – como o Espírito Santo e com fogo (Mt 3.11 = Lc3.16). Marcos em sua narrativa condensada falando do ministério de João, menciona apenas o batismo com o Espírito Santo (Mc 1.8).

REFLEXÃO

            Um ponto e vista sobre esta proclamação é que João anunciou um único batismo que inclui dois elementos: a  punição do ímpios e a purificação dos justos. Outro ideia interpretativa é o sugerido pelo contexto. O Senhor Jesus viria e batizaria os justo com o Espírito Santo e os ímpios com o fogo. Neste caso “batismo” é uma expressão metafórica e não tem nada a ver com batismo em água. Qual a sua visão sobre o assunto?

A paz e sempre na paz,

Otoniel M. de Medeiros

sábado, outubro 05, 2013

A IGREJA EXISTE PARA QUÊ?


 
O QUE É A IGREJA

A igreja é a comunidade dos que têm:

a) Plena consciência do pecado - Rm 3.23: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;”
b) Certeza de que já estão mortos - Ef 2.1: “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,”
c) Convicção de viver pela fé – Rm 1.17: “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.”
d) Recepção à graça de Deus - Ef 2.8:  “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.”

Pela fé e pela graça, tornam-se:

a) Ovelhas do Senhor Jesus – Jo 10. 27: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem;”
b) Salvos eternos: - Jo 10.28: “Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão.”
c) Selados com o Espírito Santo – Ef 1.13: “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa..”

Calvino: “Se Deus é o nosso pai, a igreja é a nossa mãe.” Este pensamento nos remete para Gl 4.26-27, que é uma citação de Is 54.1

PROPÓSITOS DA IGREJA

Segundo N. T. Wright, a igreja existe principalmente para cumprir dois propósitos intimamente relacionados: adorar a Deus e trabalhar pelo estabelecimento do seu reino no mundo.

Adoração

Hb 12.28: “Portanto, já que estamos recebendo um Reino inabalável, sejamos agradecidos e, assim, adoremos a Deus de modo aceitável, com reverência e temor.”
A adoração sustenta a comunhão. Na igreja a diversidade dá lugar a unidade. A unidade gera a diversidade. Jesus: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21); a igreja existe em função do que chamamos de “missão”, ou seja, anunciar ao mundo que Jesus é o Senhor. Missão (envio) é a razão de ser da igreja.

O Reino de Deus

Na era presente, foi estabelecido por Cristo, mas apenas nos corações dos nascidos de novo em Cristo Jesus (Lc 17.21; Rm 14.17). O Reino está chegando (Hb 12.28)

Há dois momentos bíblicos singulares que aproximam o Reino de Deus das experiências humanas:

1. Mt 16.28 – Uma palavra profética do Senhor sobre a transfiguração que se cumpre em Mt 17.1-8.
2. Mt 26.29 – Outro grande momento onde novamente o Senhor cumpre esta palavra nos quarenta dias pós-ressurreição com os deus discípulos (At 1.4; 10.41).

ENDIREITANDO O MUNDO

O mundo presente está avariado e em processo de restauração, portanto, não podemos permitir que os detalhes nos desviem do foco. A criação está sob os cuidados das criaturas a imagem de Deus. A nova criação ficará sob a administração dos renovados a imagem do Criador.

A igreja exercendo os propósitos de adorar a Deus e trabalhar pelo estabelecimento do seu reino no mundo, traz também uma missão para o mundo espiritual conforme Ef 3.10: "Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus,"   

II Co 13.13:  “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém.”

A paz e sempre na paz,

Otoniel M. de Medeiros


domingo, agosto 18, 2013

SALMOS 40

"Esperei com paciência no Senhor, e Ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor (Sl 40.1).
LEITURA BÍBLICA: Salmos 40

INTRODUÇÃO

O Salmo 40 é uma oração de Davi para livramento, vamos dividi-lo em cinco momentos:

1) Uma oração de quem já começa vitorioso (V. 1-2).
2) O comportamento do vitorioso (Vs. 3-11).
3) Caracterização dos obstáculos (Vs. 12-13).
4) Consciência de uma luta maior (Vs. 14-16).
5) Limitado, mas confiante no Senhor (V. 17).

UMA ORAÇÃO DE QUEM JÁ COMEÇA VITORIOSO

1 Esperei com paciência pelo Senhor, e ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor. 2 Também me tirou duma cova de destruição, dum charco de lodo; pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos.

O salmista antes de chegar a uma oração de socorro, de livramento, passa pelas vitórias vividas, demonstrando uma fé viva, presente e demarcando tudo pela presença da paciência.
A paciência está associada ao tempo. É difícil entendermos o momento quando queremos incluir o tempo de Deus dentro do nosso tempo. O caso de Abraão mostra a diferença entre o nosso tempo e o tempo de Deus. "Eu, porém, confiarei no Senhor; esperarei no Deus da minha salvação. O meu Deus me ouvirá" (Mi 7.7). Outro texto alentador é Hc 3: "17 Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado. 18 todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. 19 O Senhor Deus é minha força, ele fará os meus pés como os da corça, e me fará andar sobre os meus lugares altos." A paciência está mais associada a fé do ao próprio tempo: "para que não vos torneis indolentes, mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas" (Hb 6.12).

O COMPORTAMENTO DO VITORIOSO

O vitorioso tem uma característica divina, espontânea e motivadora:

1) Tem um novo cântico: "3 Pôs na minha boca um cântico novo, um hino ao nosso Deus; muitos verão isso e temerão, e confiarão no Senhor. "
2) No Senhor está a sua confiança: "4 Bem-aventurado o homem que faz do Senhor a sua confiança, e que não atenta para os soberbos nem para os apóstatas mentirosos".
3) É reconhecedor das maravilhas do Senhor: "5 Muitas são, Senhor, Deus meu, as maravilhas que tens operado e os teus pensamentos para conosco; ninguém há que se possa comparar a ti; eu quisera anunciá-los, e manifestá-los, mas são mais do que se podem contar".
4) É conhecedor da vontade de Deus e é seu servo: "6 Sacrifício e oferta não desejas; abriste-me os ouvidos; holocausto e oferta de expiação pelo pecado não reclamaste."
5) Tem consciência da sua segurança eterna: "7 Então disse eu: Eis aqui venho; no rolo do livro está escrito a meu respeito:".
6) É submisso por amor: "8 Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração."
7) É contínuo anunciador da verdade: "9 Tenho proclamado boas-novas de justiça na grande congregação; eis que não retive os meus lábios; 10 Não ocultei dentro do meu coração a tua justiça; apregoei a tua fidelidade e a tua salvação; não escondi da grande congregação a tua benignidade e a tua verdade."
8) Invoca apenas o nome do Senhor: "11 Não detenhas para comigo, Senhor a tua compaixão; a tua benignidade e a tua fidelidade sempre me guardem."

CARACTERIZAÇÃO DOS OBSTÁCULOS

12 Pois males sem número me têm rodeado; as minhas iniqüidades me têm alcançado, de modo que não posso ver; são mais numerosas do que os cabelos da minha cabeça, pelo que desfalece o meu coração. 13 Digna-te, Senhor, livra-me; Senhor, apressa-te em meu auxílio.

O discernimento e a caracterização do mal torna o combate mais eficaz; o mal que nos rodeia (externo) e a iniqüidade (interno), nos impede de olharmos melhor para Deus. O livramento está apenas no Senhor e é necessário que tenhamos pressa na busca do socorro.

CONSCIÊNCIA DE UMA LUTA MAIOR

14 Sejam à uma envergonhados e confundidos os que buscam a minha vida para destruí-la; tornem atrás e confundam-se os que me desejam o mal. 15 Desolados sejam em razão da sua afronta os que me dizem: Ah! Ah! 16 Regozijem-se e alegrem-se em ti todos os que te buscam. Digam continuamente os que amam a tua salvação: Engrandecido seja o Senhor.

Temos a consciência de uma luta maior, conforme Ef 6.12: "pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, conta os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniqüidade nas regiões celestes." Uma luta maior porque envolve um mundo espiritual que logicamente exige uma preparação no mesmo nível.

LIMITADO, MAS CONFIANTE NO SENHOR

17 Eu, na verdade, sou pobre e necessitado, mas o Senhor cuida de mim. Tu és o meu auxílio e o meu libertador; não te detenhas, ó Deus meu.

Há grandes vitórias que tem a forma aparente de derrota, a maior vitória, o SENHOR JESUS CRISTO na cruz, é o melhor exemplo. As atividades do dia a dia devem ser usadas como recursos de defesa e ataque, ou seja, é a vida transformada que brada o hino de vitória: "Forjai espadas das relhas dos vossos arados, e lanças das vossas podadeiras; diga o fraco: Eu sou forte" (Jl 3.10).

CONCLUSÃO

As vitórias passadas são estímulos para as vitórias de hoje, como estas são para as futuras. O maior estímulo, a maior garantia é a vitória do Senhor Jesus sobre todo e qualquer opositor. Segundo N. Hom, o que Deus faz para que nEle Espera:

a) "Deus o ergue.
b) Deus o purifica.
c) Deus o estabelece.
d) Deus o sustenta.
e) Deus o harmoniza em salmos e hinos."

Mesmo vencedor, sempre temos um problema pela frente, mas é bom quando estamos em condições idênticas a de Davi: agradando-se em fazer a vontade de Deus, não escondendo a graça e a verdade. Desta forma oraremos, Salmos 23:

1 O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.
2 Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas tranqüilas.
3 Refrigera a minha alma; guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome.
4 Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
5 Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges com óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda.
6 Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias.

Abraços, na paz e sempre na paz,

Otoniel de Medeiros

Natal-RN, 16 de novembro de 1994

sábado, junho 29, 2013

LIVRES DA TIRANIA DA URGÊNCIA

 


Eclesiastes 3.1: "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu". 


INTRODUÇÃO

Livres da Tirania da Urgência é um livro escrito por Charles E. Hummel e publicado pela Editora Ultimato em 2011.

“Ponha as primeiras coisas em primeiro lugar e teremos as segundas a seguir; ponha as segundas coisas em primeiro lugar e perderemos ambas” (C. S. Lewis).

S. Tiago na sua carta cap. 4.13-17, fala da falibilidade humana e Provérbios 16 destaca a dependência humana de Deus; mesmo assim podemos planejar e separar o URGENTE do que é IMPORTANTE e pedirmos a bênção do Senhor para a nossa vida.

O TEMPO

Santo Agostinho (354-430 d.C.) disse: “O que, então, é o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; mas se eu desejá-lo explicá-lo a alguém que poderia perguntar-me, eu simplesmente não sei.”

Numa visão teologica se diz que o tempo é esta experiência que vivemos unindo a eternidade passa à eternidade futura.

  • O tempo pode ser visto como um produto, uma oportunidade, ocasião especial, um evento oportuno ou uma pausa para amadurecer uma decisão ou ação.
  • O tempo pode ser externo e interno: o externo sendo uma medida comum e o interno dependendo de cada um (medido e vivido).
  • O tempo é muito conhecido pelos seus efeitos.
  • O tempo pode ter uma visão cultural (viver em função do relógio ou de eventos).

PRÁTICAS DE VIDA

Jonh Wesley: “Apesar de estar sempre agindo com rapidez, eu jamais estou com pressa, porque nunca assumo mais trabalho do que posso realizar com a necessária paz de espírito.”

Lutero: “Existem dois dias em meu calendário: hoje e aquele dia.”

Paulo, apóstolo: Fp 3: “13 Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, 14 Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.”

CONCLUSÃO

  • A vida é uma rua de mão única. Não importa quantos desvios façamos, nenhum deles nos leva de volta.
  • Façamos o melhor com o que somos e temos.
  • Simplesmente o tempo não nos torna melhores.
  • O conhecimento para o viver cristão vem através das Escrituras e da experiência.

O apóstolo Paulo liga o presente com o futuro no seguinte mandamento e promessa:

Tt 2: “12 Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente, 13 Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo; 14 O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.”

Romanos 12.27: “Ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém.”


Otoniel Marcelino de Medeiros 

domingo, maio 05, 2013

FAMÍLIA: CRIAÇÃO DE DEUS


Otoniel Marcelino de Medeiros

"E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou" (Gn 1.27) .

INTRODUÇÃO

Deus cria do nada pela ação do seu amor todas as coisas na sequência: no primeiro dia (Gn1.1-5) a luz; no dia seguinte (Gn 1.6.-8) fez a expansão (céu) separando as águas superiores e inferiores; no terceiro dia criativo (Gn 1.9-13); fez aparecer a porção seca (terra), definiu os mares e na terra a vida vegetal começa a brotar; os estabelecimento dos astros celestes é o quarto dia (Gn 1.14-19); as água e os ares são preenchidos com a vida pelos seres das águas e pelas aves, trazendo o quinto dia (Gn 1.20-23); o sexto dia é áureo porque nele Deus cria a família, macho e fêmea (Gn 1.27).
O Salmo 19.1, poeticamente canta a beleza da criação divina: "Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos."
A família faz parte do projeto maior de Deus, é um ato criativo que passa pelos toques das suas mãos, o Senhor Jesus participa a execução do projeto de Deus Pai, o Espírito Santo é Mantenedor da realidade criativa de Deus.
A família é o ponto máximo da criação de Deus, criada pelo toque preciso das suas mãos, e como toda a criação, a família foi criada num estado "que era muito bom" (Gn 1.31).

O TRAUMA DO PECADO

O homem era essencialmente vegetariano (Gn1.29) e os animais, herbívoros (Gn1.30), foram criados ecologicamente corretos. A família como os demais animais, eram condicionados a multiplicação, portanto era um estado  intermediário, em relação ao que havemos de ser na dimensão ressurrecta (I Ts 4.13-18), mais "evoluídos" do que o nosso estado hodierno. O homem não evoluiu, mas regrediu. Vivemos hoje uma deformação espiritual, moral e física.
Numa eternidade futura, os salvos em Cristo Jesus, na dimensão de corpos glorificados, estará pleno tanto quantitativamente como qualitativamente, como os anjos: "Porquanto, quando ressuscitarem dentre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento, mas serão como os anjos que estão nos céus" (Mc 12.25).
No jardim do Éden a família tinha a opção da árvore da vida (Gn 3.22) para viver ou escolher a árvore do conhecimento do bem e do mal,  para a morte (Gn 2.17). A morte foi escolhida e retransmitida a todos: "Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram" (Rm 5.12). Um mistério é em relação aos anjos, que apenas uma parte tornou-se rebelde aos propósitos de Deus. A condição de geração de semelhantes, não ocorrendo com os seres angelicais, nos dá uma aparência deste "repasse" pecaminoso. E a idéia que temos é de uma criação já quantitativamente plena de anjos. Os humanos estão todos em pecados: "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 5.23). Há uma intrínseca relação da natureza pecaminosa humana na questão da concepção de um novo ser: "Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe" (Sl 51.5).
Concluímos que a humanidade, numa atitude familiar, foi amorosamente criada por Deus, num contato pessoal, podendo escolher a vida ou a morte, e desastrosamente escolheu a morte. Fez opção pela decadência espiritual e material, optou pela inversão de valores. Houve a necessidade da família ser submetida a prova de resistir ao conhecimento do bem e do mal, infelizmente foi vencida. A partir daí não mais poderia participar da árvore da vida, para não viver eternamente em pecado, Deus providencia um único recurso de salvação: O Senhor Jesus Cristo (Gn 3.15).
Com o pecado o mundo em todos os níveis foi afetado, a terra passou a ser maldita, o trabalho assumiu o peso da dor, a natureza passou a ser agressiva, sofrendo também a morte termodinâmica, com o desgaste crescente, a natalidade passou a ter a dimensão da dor, a verocidade passou a ser a característica animal, deu-se o início humano para resolver os problemas na improvisação e os crimes começaram a surgir no ambiente familiar (Gn 3; Gn 4).
O nosso mundo, toda essa cruel realidade que vivemos é conseqüência opcional humana pelo pecado, de uma sociedade principada por Satanás, que já está julgado (Jo 16.11), tendo levado as famílias a um distanciamento de Deus com profundas infelicidades humanas.
A árvore da vida tem um único caminho, em Gn 3.24 temos: "E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida."  O versículo não fala em caminhos, o caminho. Para voltarmos ao estado inicial de comunhão com Deus há apenas um caminho, claro que é o Senhor Jesus Cristo, e ele mesmo deixa a questão muito clara: "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (Jo 14.6).
O casamento é uma união de tal profundidade que os dois se tornam uma carne só (Gn 2.24). O apóstolo destaca a seriedade do casamento: "Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja. Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido" (Ef 5.23-33).

DEUS CONVIDA FAMÍLIAS PARA DESAFIOS

Deus sempre tem interferido na história humana usando famílias para o bem comum da humanidade.

·         Para a  administração ecologicamente sustentável, convidou a família Adão e Eva. Infelizmente falharam.
·         Noé com a família, a Bíblia diz "divinamente avisado das coisas que ainda não se viam temeu, e, para a salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi herdeiro da justiça que segundo a fé" (Hb 11.7). Noé com a família cumpriu a missão.
·         Abraão com Sara também sendo chamados por Deus para cumprirem a missão da vida e da bênção continuada para todas as gerações do povo de Deus, combateu o bom combate.
·         Deus também escolheu José e Maria para encarnar o Verbo, Jesus o Senhor dos senhores; e por intermédio dessa família beneficiando todo o gênero humano, o Verbo se fez carne entre os homens e hoje o Espírito Santo na composição da Igreja sela os que crêem em Jesus para o dia da redenção (Ef 1.13), mantém entre nós o ministério da consolação.

Deus sempre escolhe famílias para determinadas missões e toda a composição  familiar, pais e filhos são responsáveis em conjunto e individualmente pelo  bom desempenho para os reais e nobres objetivos sejam alcançados. Dentro desta visão qual o desafio para a nossa família?

UM PARÂMETRO FAMILIAR INDISPENSÁVEL

Pelo fato de Maria ter sido engrandecida pelo Senhor (Lc 1.46) o ambiente familiar do casal não conflitava com determinações de Deus do amor e da submissão (Ef 5.23-33). O lar deve ter a presença paterna de definições de liderança, no amor. Mesmo Maria engrandecida por Deus, para se refugiarem no Egito o anjo do Senhor apareceu a José em sonho (Mt 2.13) o que providenciou a referida fuga das atrocidades de Herodes. O retorno para a Galiléia teve também o mesmo princípio (Mt 2.20-23).
Hoje há um reconhecimento social generalizado das imposições de limites que os pais devem definir nos seus lares para o bom encaminhamento dos filhos para a vida; no respeito humano e na dignidade de vida.

CONCLUSÃO

O Senhor Jesus: "e ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição" (Ml 4.5). Temos como família, a grande responsabilidade diante de Deus, mantermos a nossa família equilibrada em todas as dimensões da vida para o bem geral da sociedade, também.
As pessoas devem ser preparadas para a vida, como Jacó, no livro de Gênesis, lançou-se em busca do valores humanos, mas com a sensibilidade de família e o compromisso com Deus (Gn 28.10-17).

Que a graça do nosso Senhor Jesus continue crescente em cada uma das nossas famílias.



Otoniel Marcelino de Medeiros