sábado, março 30, 2019

3/4 - LIDERANÇA CRISTÃ: autodisciplina

COMO MANTER O FRESCOR ESPIRITUAL
(Do livro Desafios da Liderança de John Stott)
 
3.1 – INTRODUÇÃO
       Um problema muito comum dos líderes cristãos não é tanto o desânimo, mas a estagnação, isso é um arraste inercial de enfraquecimento físico, emocional e espiritual, e até o enfraquecimento da fé cristã. A glória do evangelho pode perder o brilho e o ministro perder a empolgação, perde o brilho dos olhos, a flexibilidade dos passos e começa-se a parecer poças estagnadas, vem vez de rios de água corrente. A raiz da estagnação pode estar na falta de disciplina. O teólogo John Stott recomenda autodisciplina nas áreas: Descanso, relaxamento, tempo e devoção.

3.2 – AUTODISCIPLINA
       1) DISCIPLINA DO DESCANSO E DO RELAXAMENTO – Somos criaturas pneumato-psicossomáticas, somos corpo, mente e espírito. É uma inter-relação complexa e sabemos que a condição de um afeta os outros. A condição do nosso corpo afeta nossa vida espiritual. Muitos líderes cristãos são trabalhadores compulsivos, excessivamente meticulosos, trabalhando de manhã, à tarde e à noite.
       Marcos 6.45, é um texto bem direcionado aos trabalhadores compulsivos, lógico que há um diferencial orgânico entre cada um. Diz o texto: “Logo em seguida, Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e fossem adiante para Betsaida, enquanto ele despedia a multidão”. Jesus despediu a multidão porque queria ir embora, descansar e orar, então o texto não faz sentir culpado quem quiser ter um período de descanso. Não podemos deixar de destacar o tempo para a própria família. Deus foi quem estabeleceu um dia por semana, a cada sete dias, para descansar. “Tentaram mudar isto durante a Revolução Francesa. Tentaram mudar novamente em 1917, depois da revolução na Rússia, mas o experimento não deu certo. Deus sabia o que estava fazendo quando nos deu um dia de descanso a cada sete, ...”.
       PASSATEMPOS – Os jovens são próximos do esporte e os mais idosos têm interesse por alguma ramificação natural. Se diz que os evangélicos têm uma boa doutrina da redenção e uma péssima doutrina da criação. Nossos passatempos deveriam levar-nos para o ar livre.
       TEMPO COM A FAMÍLIA E AMIGOS – A família e as amizades são dádivas de Deus que as vezes não sabemos valorizar. Tanto na família como nas amizades podemos compartilhar profundamente nossas experiências espirituais. Paulo em 2 Coríntios 7.5-6, nas suas tribulações ele disse que foi consolado com a chegada de Tito. Ainda em na sua maturidade missionária, preso, tendo combatido o bom combate, disse a Timóteo: “Procure vir logo ao meu encontro” (2 Tm 4.9).
       “Assim, há três reflexões para vocês sobre a disciplina do descanso e do relaxamento. Há a necessidade de tirarmos um tempo para descansar, a necessidade de termos passatempos ou praticarmos esportes e a necessidade de termos uma família e amigos. Estas são necessidades humanas. Nunca tenhamos vergonha de admitir que as temos”.

       2) A DISCIPLINA DO TEMPO – O tempo é um bem muito precioso. Todos temos a mesma quantidade de tempo. Destaquemos Ef 5.16: “Aproveitando ao máximo cada oportunidade, porque os dias são maus”. Há um extrema necessidade de planejar nosso próprio cronograma diário e iniciando o dia orando pelas respectivas tarefas. O evangelista John Stott diz que todo pastor, normalmente é ocupado, deveria ter um dia tranquilo no mês, afastar-se da família e da igreja, procurar entender a mente de Deus e esperar pelos próximos meses para ver que direção tomar, para evitar “pesadelos de pastor”. E com a prática as vezes se torna semanal e mensal para planejamentos de longo prazo.

       3) A DISCIPLINA DA DEVOÇÃO – Essa devoção está relacionada com a leitura bíblica e a oração. Os líderes precisam conhecer as Escrituras como um todo, pois grande parte da interpretações equivocadas da Bíblia deve-se ao conhecimento parcial ou a um uso seletivo da Bíblia. O pastor escocês Robert Murray, em 1842, incentivava sua congregação a ler toda a Bíblia ao longo de um ano. Ele queria que as pessoas lessem duas vezes o Novo Testamento e uma vez o Antigo Testamento para assimilarem toda a Bíblia, para isso exige a leitura de quatro capítulos por dia. No primeiro dia do ano começa-se com os quatro grandes começos das Escrituras: Gênesis 1, Esdras 1, Mateus 1 e Atos 1. Cada um trata de um nascimento. Gênesis é o nascimento do Universo; Esdras 1 é o renascimento da nação após o exílio da Babilônia; Mateus 1 é o nascimento de Jesus e Atos 1 é o nascimento da igreja cristã. Portanto, começamos com os quatro grandes começos e depois os acompanhamos ao longo do ano. Lógico que começa-se ler a Bíblia com alguns minutos de meditação antes, lembrando que Deus fala por intermédio do que Ele já falou. Sabemos que o propósito da leitura bíblica é ouvir a voz viva de Deus.
       “A oração é para a alma aquilo que a respiração é para o corpo. A vida espiritual não pode ser mantida por muito tempo sem a oração. Que nossa oração seja: ‘Senhor, ensina-me a orar” (Elliott Horton).

3.3 – CONCLUSÃO

       John Stott: “Por isso, recomendo a autodisciplina nestas área: descanso e relaxamento, o uso do tempo e devoção, e espero que o Senhor abençoe ricamente a vida de vocês com Ele".

“A graça do Senhor Jesus seja com todos”.

Parnamirim – RN, 30 de março de 2019

Otoniel M. de Medeiros

Referência bibliográfica

STOTT, JOHN. Desafios da liderança. Viçosa: Editora Ultimato, 2016.

 

segunda-feira, março 04, 2019

2/4 - LIDERANÇA CRISTÃ: o problema do desânimo

 COMO PERSEVERAR SOB PRESSÃO
(Do livro Desafios da Liderança de John Stott)
Otoniel Medeiros
Parnamirim-RN, 04/03/2019

2.1-INTRODUÇÃO

O líder cristão além de muitos problemas e tentações tem ainda o problema da solidão do topo, ou seja, quando está nos níveis mais altos da estrutura eclesiástica, talvez não tenha colegas em quem possa confiar, é a síndrome papal. Esse conjunto de problemas pode levar o cristão, no caso principalmente, o líder cristão ao desânimo ocupacional e que pode levar a perda da visão e do entusiasmo.

O teólogo John Stott ministra orientações como perseverar sob essas pressões. Ele toma como base 2 Co 4, destacando inicialmente o versículo 1: “Portanto, visto que temos este ministério pela misericórdia que nos foi dada, não desanimamos”. E então o versículo 16 diz: “Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia”. Existe uma expressão similar no capítulo 5, versículo 6: “Portanto, temos sempre confiança”, e, mais uma vez, o versículo 8: “Temos, pois, confiança”. Isso significa ter coragem.

Interessante, no capítulo 3, Paulo revela a glória do ministério cristão, mas, no capítulo 4, ele apresenta os problemas desse ministério. Este é o forte argumento paulino: por causa da glória do ministério e a despeito de seus problemas, nós nos recusamos a ficar desanimados.

2.2 – DOIS PROBLEMAS: O VÉU E O CORPO

Há dois grandes problemas desanimadores no ministério evangélico, primeiro é um problema externo (o objetivo nos ouvintes) e o segundo é um problema interno e subjetivo em nós mesmos. O primeiro Paulo chama de véu: é o que cobre a mente dos incrédulos cegando-os para a verdade do evangelho. O segundo é o nosso próprio corpo, este vaso frágil que guarda o tesouro do evangelho. O primeiro é espiritual: é a cegueira das pessoas para quem anunciamos o evangelho (2 Co 4.4). O segundo é físico: é a nossa mortalidade (2 Co 4.7-18; 1 Co 2.3; 2 Co 12.7). E se os dois problemas se somam?

2.3 – O ANTÍDOTO CONTRA O DESÂNIMO

“Há dois problemas, há apenas uma solução: o poder de Deus. “Primeiro, o véu. O que fazemos quando as pessoas se recusam a responder ao evangelho? Bem, você sabe os motivos pelos quais somos tentados. Somos tentados a recorrer a técnicas emocionais e psicológicas com o intuito de manipular as pessoas para que creiam ou manipular o evangelho para que seja mais fácil crer nele”. Paulo repudia essas técnicas em 2 Co 4.2.

Os versículos 2 Co 4.4-6 mostram que o deus deste século cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho. Paulo refere-se a Gn 1.2-3. Ele compara o coração não regenerado ao caos primitivo, tudo era sem forma, vazio e escuro, até que Deus disse: “Haja luz”, e a luz brilhou nas trevas, isso aí é o retrato que Paulo faz da regeneração. Regeneração é uma nova criação de Deus, quando Deus diz: “Haja luz”. O evangelho é a luz pelo qual Deus vence as trevas e brilha no coração das pessoas. “Não podemos penetrar nas trevas com nossas próprias forças, mas podemos penetrá-las com o poder de Deus quando o evangelho é pregado”.

2.4 – O PODER DE DEUS NA FRAQUEZA

Para a questão do corpo, Stott destaca os versículos: 2 Co 2.7; 1 Co 2.3-4 e 2 Co 1.27. Três vezes Paulo usa a expressão “a fim de”, lógico que intencionalmente. O poder mediante a fraqueza e a vida por meio da morte são os temas das duas cartas. “Acredito que as Escrituras e a experiência nos ensinem esta lição muito desagradável: Deus, intencionalmente, muitas vezes nos mantém na fraqueza para que seu poder possa repousar em nós”.


Na paz e sempre na paz,

Otoniel M. de Medeiros


Referência bibliográfica

STOTT, JOHN. Desafios da liderança. Viçosa: Editora Ultimato, 2016.